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2014-08-12

Claro-Escuro - Miguel Torga

Dia da vida,
Noite da morte...
O verso
E o reverso
Da medalha.
E não há desespero que nos valha,
Nem crença,
Nem descrença,
Nem filosofia.
Esta brutalidade, e nada mais:
Sol e sombra - o binómio dos mortais.

Só que o sol vem primeiro,
E a sombra depois...
E à luz do sol é tudo o que sabemos:
Juventude,
Beleza,
Poesia,
E amor
- Amargo fruto que na sepultura,
Em vez de apodrecer, ganha doçura.


in 'Orfeu Rebelde', 1958
Extraído de POESIA COMPLETA - MIguel Torga, 1ª Edição, Publicações Dom Quixote, pág. 555

Adolfo Correia da Rocha que usou o pseudónimo de Miguel Torga, nasceu em São Martinho de Anta, Sabrosa, Trás-os-Montes, a 12 de Agosto de 1907; morreu em Coimbra a 17 de Janeiro de 1995.

Ler do mesmo autor, neste blog: Mãe; Preservação; Súplica; Adeus; Depoimento; Procura; Ficam as Sombras; Sei um ninho; Queixa; Hora de amor; Mea culpa; Anátema; Livro de Horas; Encontro; Quase um poema de amor; Perfil; Exorcismo; Bucólica; Arquivo; Rogo; Glória; Poema Melancólico a não sei que Mulher.


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