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2014-10-24

Voz Íntima - Amadeu Amaral

Dreams, Serigraph on canvas, 20" x 24 1/2",

Fecha-te, sofredor, na alva túnica ondeante
Dos sonhos! E caminha, e prossegue, embebido,
Muito embora, na dor de um fiei celebrante
De um estranho ritual desdenhado e esquecido!

Deixa ressoar em torno o bárbaro alarido,
Deixa que voe o pó da terra em torno... Adiante!
Vai tu só, calmo e bom, calmo e triste, envolvido
Nessa túnica ideal de sonhos, alvejante.

Sê, nesta escuridão do mundo, o paradigma
De um desolado espectro, uma sombra, um enigma,
Perpassando sem ruído a caminho do Além.

E só deixes na terra uma reminiscência:
A de alguém que assistiu à luta da existência,
Triste e só, sem fazer nenhum mal a ninguém.

Amadeu Arruda Amaral Leite Penteado (n. em Capivari, São Paulo, a 6 de Nov. de 1875; m. em São Paulo a 24 de outubro de 1929).

Ler do mesmo autor, neste blog
Rios
Soneto da Serpente
Lua
Versos Nevoentos
Sonho de Amor

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2011-10-24

Rios - Amadeu Amaral


Rio Douro imagem daqui

Almas contemplativas! Vão rolando
por esta vida, como os rios quietos...
Rolam os rios – árvores e tectos,
céus e terras, tranquilos, espelhando;

vão reflectindo todos os aspectos,
num serpentear indiferente e brando;
espreguiçam-se, límpidos, cantando,
no remanso dos sítios predilectos;

fecundam plantações, movem engenhos,
dão de beber, sustentam pescadores,
suportam barcos e carreiam lenhos...

Lá se vão, num rolar manso e tristonho,
cumprindo o seu destino sem clamores
e sonhando consigo um grande sonho.

Amadeu Ataliba Arruda Amaral Leite Penteado nasceu em Capivari (SP) a 6 de Novembro de 1875 e faleceu em São Paulo a 24 de Outubro de 1929. Chegou em 1888 à capital do estado e, em 1921, abordou o Rio de Janeiro, mas depressa regressou a São Paulo. Foi jornalista e conferencista, dedicou-se ao magistério particular, notabilizou-se pelos seus estudos folclóricos e foi pioneiro de estudos dialectológicos. Como poeta, integrou-se na transição do parnasianismo para o simbolismo.

Soneto e nota biobibliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.

Ler do mesmo autor, neste blog:
Soneto da Serpente
Lua
Voz Íntima
Versos Nevoentos
Sonho der Amor

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2010-11-06

Sonho de Amor - Amadeu Amaral

Amadeu Ataliba Arruda Amaral Leite Penteado (nasceu em Capivari, São Paulo a 6 de Novembro de 1875 e faleceu em São Paulo a 24 de Outubro de 1929).

Ler do mesmo autor, neste blog: Soneto da Serpente, Rios, Lua, Voz Íntima e Versos Nevoentos

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2010-10-24

Soneto da Serpente - Amadeu Amaral


Ei-la que passa, majestosa... Faço
de meus desejos cobiçosos uma
serpe, que a boca lhe remorde, o braço,
o rosto, o seio, todo o corpo em suma.

Guarda no grande olhar, em cada traço,
no donaire gentil, com que se apruma,
a graça austera, com que um anjo o espaço
fende e ilumina, por montões de bruma.

Em vão nela se enrola meu desejo;
nem a boca lhe treme, nem murmura,
nem nos olhos um frêmito lhe vejo.

Parece estátua prodigiosa, e dura,
que nem sente o asqueroso animalejo
a enrolar-se-lhe, ao sol, pela cintura.


Amadeu Ataliba Arruda Amaral Leite Penteado (nasceu em Capivari, São Paulo a 6 de Novembro de 1875 e faleceu em São Paulo a 24 de Outubro de 1929).

Ler do mesmo autor, neste blog: Rios, Lua, Voz Íntima e Versos Nevoentos

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2009-10-24

80º aniversário da morte de Amadeu Amaral - Versos Nevoentos

Luta penosa e vã, esta em que vivo, imerso
Na ambição de alcançar a frase que me exprima,
onde o meu pensamento esplenda claro e terso,
como o bago reluz pronto para a vindima.

Como cristalizar tanta emoção no verso?
Como o sonho encerrar nos limites da rima?
Bruma ondulante e azul, fumo que erra disperso,
não se pode plasmar, não há mão que o comprima.

Não, eu não te darei a Expressão que rebrilha
na rija nitidez de áurea moeda sem uso,
acabado lavor de cunho e de serrilha:

só te posso ofertar estes versos nevoentos,
conchas em que ouvirás, indistinto e confuso,
um remoto fragor de vagas e de ventos.

(Espumas, 1917)

Amadeu Ataliba Arruda Amaral Leite Penteado (nasceu em Capivari, São Paulo a 6 de Novembro de 1875 e faleceu em São Paulo a 24 de Outubro de 1929).

Ler do mesmo autor, neste blog: Rios; Lua e Voz Íntima.

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2008-10-24

Rios - Amadeu Amaral


Rio Douro imagem daqui

Almas contemplativas! Vão rolando
por esta vida, como os rios quietos...
Rolam os rios – árvores e tectos,
céus e terras, tranquilos, espelhando;

vão reflectindo todos os aspectos,
num serpentear indiferente e brando;
espreguiçam-se, límpidos, cantando,
no remanso dos sítios predilectos;

fecundam plantações, movem engenhos,
dão de beber, sustentam pescadores,
suportam barcos e carreiam lenhos...

Lá se vão, num rolar manso e tristonho,
cumprindo o seu destino sem clamores
e sonhando consigo um grande sonho.



Amadeu Ataliba Arruda Amaral Leite Penteado nasceu em Capivari (SP) a 6 de Novembro de 1875 e faleceu em São Paulo a 24 de Outubro de 1929. Chegou em 1888 à capital do estado e, em 1921, abordou o Rio de Janeiro, mas depressa regressou a São Paulo. Foi jornalista e conferencista, dedicou-se ao magistério particular, notabilizou-se pelos seus estudos folclóricos e foi pioneiro de estudos dialectológicos. Como poeta, integrou-se na transição do parnasianismo para o simbolismo.

Ler do mesmo autor, neste blog Lua e Voz Íntima

Soneto e nota biobibliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.

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2007-10-24

Voz Íntima - Amadeu Amaral

Dreams, Serigraph on canvas, 20" x 24 1/2",

Fecha-te, sofredor, na alva túnica ondeante
Dos sonhos! E caminha, e prossegue, embebido,
Muito embora, na dor de um fiei celebrante
De um estranho ritual desdenhado e esquecido!

Deixa ressoar em torno o bárbaro alarido,
Deixa que voe o pó da terra em torno... Adiante!
Vai tu só, calmo e bom, calmo e triste, envolvido
Nessa túnica ideal de sonhos, alvejante.

Sê, nesta escuridão do mundo, o paradigma
De um desolado espectro, uma sombra, um enigma,
Perpassando sem ruído a caminho do Além.

E só deixes na terra uma reminiscência:
A de alguém que assistiu à luta da existência,
Triste e só, sem fazer nenhum mal a ninguém.

Amadeu Arruda Amaral Leite Penteado (n. em Capivari, São Paulo, a 6 de Nov. de 1875; m. em São Paulo a 24 de Out. de 1929).

Ler do mesmo autor, neste blog Lua

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2006-10-24

LUA - Amadeu Amaral


É nestas horas em que sofro e tento
vencer o tédio, víbora refece,
que o teu vulto à lembrança me aparece
num mais doce e maior deslumbramento.

Vem como a clara lua que esplandece,
inesperada, por um céu nevoento;
minha alma se ergue, então, no alheiamento
de uma dorida fervorosa prece.

Ó clara, ó alta, ó refulgente lua,
se te elevas meu ser também se eleva,
e onde vais flutuando ele flutua...

Rompe das nuvens o pesado véu!
És a única luz por esta treva
e o derradeiro encanto deste céu.

Amadeu Amaral (n. em Capivari, São Paulo, a 6 Nov. 1875; m. cidade de São Paulo a 24 Out. 1929)

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