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2012-04-18

Elegia - Augusto Schmidt

Entrou na sala e ficou em pé tocando piano, 
Sua mão pequena batia no teclado  
                               duramente. 
Lembro que estava de vermelho 
Lembro que tinha nas tranças finas uma fita preta 
Lembro que era de tarde 
E entrava pelas janelas abertas o vento do 
                                         mar. 
Não lembro se tinha flores perto dela 
Mas nascia um perfume do seu corpo. 

Que amor o meu!

Augusto Frederico Schmidt nasceu a 18 de Abril de 1906 no Rio de Janeiro; m. no Rio de Janeiro a 8 de Fevereiro de 1965.

Ler do mesmo autor, neste blog:
Quando eu morrer
Vazio
Verás Amor Cruel Descer Serena
Soneto a Virgílio

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2011-04-18

SONETO A VIRGÍLIO - Augusto Schmidt

Nesta hora em que o mundo em desespero
Busca os fundos e ásperos abismos,
Como é suave consolo às almas tristes
Ouvir a tua voz humana e eterna!

Poeta de alma tão pura e olhar tão doce,
Cantor das almas simples e saudáveis,
Pai de Enéias, o herói piedoso e esquivo,
E dessa Dido, cujo drama ainda

Aos nossos corações tanto enternece.
Cristão antes de Cristo, a quem sentiste
Nas entranhas de um tempo inatingido.

Poeta e cantor da Paz, alma sensível,
Dá-nos do teu Amor as claras lágrimas
Para conforto de tão duras penas.

poema extraído daqui

Augusto Frederico Schmidt nasceu a 18 de Abril de 1906 no Rio de Janeiro; m. no Rio de Janeiro a 8 de Fevereiro de 1965.

Ler do mesmo autor, neste blog:
Quando eu morrer
Vazio
Verás Amor Cruel Descer Serena

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2010-02-08

Verás, Amor cruel, descer serena - Augusto Schmidt

Verás, Amor cruel, descer serena,
dos céus ditosos, a piedosa Imagem
e ficarás, como és, indiferente
à sua luz de estranha suavidade.

Verás, nos teus desertos interiores,
florir pobres jardins abandonados
e nascer, pelas árvores mais secas,
dourados frutos plenos, sumarentos.

Verás milagres: urzes dos caminhos
servirão p'ra fazer os frágeis ninhos
e os bichos feros mansos ficarão.

Só tu, nesse Éden, que antevejo um dia,
serás, cruel Amor, distante e fria
-sinal do meu castigo sem perdão.

Poema extraído de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria É a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004).

Augusto Frederico Schmidt nasceu a 18 de Abril de 1906 no Rio de Janeiro; m. no Rio de Janeiro a 8 de Fevereiro de 1965.

Ler do mesmo autor, neste blog:
Quando eu morrer
Vazio

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2009-04-18

Quando Eu Morrer - Augusto Schmidt, para registar o 103º aniversário de nascimento!

Quando eu morrer o mundo continuará o mesmo,
A doçura das tardes continuará a envolver as coisas todas.
Como as envolve agora neste instante.
O vento fresco dobrará as árvores esguias
E levantará as nuvens de poesia nas estradas...

Quando eu morrer as águas claras dos rios rolarão ainda,
Rolarão sempre, alvas de espuma
Quando eu morrer as estrelas não cessarão de acender-se
no lindo céu noturno,
E nos vergéis onde os pássaros cantam as frutas
continuarão a ser doces e boas.

Quando eu morrer os homens continuarão sempre os mesmos.
E hão de esquecer-se do meu caminho silencioso entre eles,
Quando eu morrer os prantos e as alegrias permanecerão
Todas as ânsias e inquietudes do mundo não se modificarão.
Quando eu morrer os prantos e as alegrias permanecerão.
Todas as ânsias e inquietudes do mundo não se modificarão.
Quando eu morrer a humanidade continuará a mesma.
Porque nada sou, nada conto e nada tenho.
Porque sou um grão de poeira perdido no infinito.

Sinto porém, agora, que o mundo sou eu mesmo
E que a sombra descerá por sobre o universo vazio de mim
Quando eu morrer...


Augusto Frederico Schmidt (n. Rio de Janeiro, 18 de abril de 1906 — Rio de Janeiro, 8 de fevereiro de 1965)

Ler do mesmo autor, neste blog Vazio

Nota do webmaster: Ao ler este poema logo recordo Quando Vier a Primavera, de Alberto Caeiro; a expressão de que os poetas são pequenos perante a vida e o mundo, de que a sua morte deixa o mundo na mesma; mas não é verdade! Estes poetas já desapareceram, viveram em tempos já afastados dos nossos dias, mas quem, senão os poetas, para nas suas próprias palavras traduzirem com perfeição aquilo que cada um de nós em determinado momento sente? O mundo não fica na mesma não, fica bem melhor mesmo depois da passagem deles ainda que efémera...

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2008-02-08

Vazio - Augusto Schmidt

A poesia fugiu do mundo.
O amor fugiu do mundo —
Restam somente as casas,
Os bondes, os automóveis, as pessoas,
Os fios telegráficos estendidos,
No céu os anúncios luminosos.

A poesia fugiu do mundo.
O amor fugiu do mundo —
Restam somente os homens,
Pequeninos, apressados, egoístas e inúteis.
Resta a vida que é preciso viver.
Resta a volúpia que é preciso matar.
Resta a necessidade de poesia, que é preciso contentar.

Augusto Frederico Schmidt nasceu a 18 de Abril de 1906 no Rio de Janeiro, onde se finou a 8 de Fevereiro de 1965. Passou a infância em Lausanne (Suíça). De 1923 a 1925, foi caixeiro-viajante em São Paulo. Comerciante e diplomata, fundou uma companhia de seguros e tornou-se sócio de várias empresas industriais. É autor de sonetos brancos em verso livre. Alguns títulos da sua obra: «Canto da Noite» (1934), «Estrela Solitária» (1940), «Mar Desconhecido» (1942). A sua poesia torrencial, cheia de apóstrofes e anáforas, é caracterizada pela retórica sentimental: interiorização e espiritualização, solidão, amargura e melancolia, transitoriedade ou efemeridade da vida e das coisas.

Nota biobliográfica extraída de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria É a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004).

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