Bilhete - Miguel Torga
(Capivari, n. 01 set 1886 — m. São Paulo, 17 jan 1973)
Não te sei dizer mais,
Depois de tantos versos,
Que te baste o silêncio
Dum poeta ardente,
Que sempre, naturalmente,
Foi além das palavras
Do amor, amando.
Selava os lábios que o nomeavam.
Que aprendeu, a sofrer,
Que tudo acontecia
No acontecer.
Que, até nas horas de evasão, sabia
Que a verdadeira vida vive-se a viver.
Depois de tantos versos,
Que te baste o silêncio
Dum poeta ardente,
Que sempre, naturalmente,
Foi além das palavras
Do amor, amando.
Selava os lábios que o nomeavam.
Que aprendeu, a sofrer,
Que tudo acontecia
No acontecer.
Que, até nas horas de evasão, sabia
Que a verdadeira vida vive-se a viver.
Miguel Torga (Adolfo Correia da Rocha), nasceu em São Martinho de Anta, Sabrosa, Trás-os-Montes, a 12 de Agosto de 1907; morreu em Coimbra a 17 de Janeiro de 1995.
Ler do mesmo autor, neste blog: Preservação; Súplica; Adeus; Depoimento; Procura; Ficam as Sombras; Sei um ninho; Queixa; Hora de amor; Mea culpa; Anátema; Livro de Horas; Encontro; Quase um poema de amor; Perfil; Exorcismo; Bucólica; Arquivo; Rogo; Glória.
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