O Vago - Mário Beirão
O Vago é a essência que, saudosa, ondeia,
Em derredor do cálix duma flor,
É a oração que ascende e paira e anseia,
Na tarde mística a evolar-se em cor...
O Vago é como o instinto de quem leia
Nuns olhos virgens a expressão do Amor,
O Vago é a luz que as almas incendeia,
A Alegria sonhando com a Dor...
É o silêncio da Noite, a certas horas,
O choro lucilante das auroras
Na árvore que deixou cair os pomos...
É não ter voz, falar, e ser a Esfinge,
POlhar e já não ver o que nos cinge;
O Vago é o estranho além do que nós somos!
Poemas Portugueses Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Sec. XXI
Selecção, organização, introdução e notas de Jorge Reis-Sá e Rui Lage
Prefácio de Vasco da Graça Moura
Mário Gomes Pires Beirão (n. 1 Maio 1890 em Beja; m. em Lisboa a 19 de Fevereiro de 1965)
Ler do mesmo poeta, neste blog: Adeus; Ausencia; Cintra
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