Ausência - Mário Beirão
Na efeméride da morte do poeta
Nas horas do poente,
Os bronzes sonolentos,
- pastores das ascéticas planuras –
Lançam este pregão ao soluçar dos ventos,
À nuvem erradia,
Às penhas duras:
- Que é dele, o eterno Ausente,
- Cantor da nossa melancolia?
Nas tardes duma luz de íntimo fogo,
Rescendentes de tudo o que passou,
Eu próprio me interrogo:
- Onde estou? Onde estou?
E procuro nas sombras enganosas
Os fumos do meu sonho derradeiro!
- Ventos, que novas me trazeis das rosas,
Que acendiam clarões no meu jardim?
- Pastores, que é do vosso companheiro?
- Saudades minhas, que sabeis de mim?
Mário Pires Gomes Beirão (n. em Beja a 1 Mai 1890; m em Lisboa 19 Fev. 1965)
0 comments:
Enviar um comentário