Amanhã - Sidónio Muralha
Na hora que vem de longe,
cresce e vem, cresce e vem,
– os que tiverem frio hão-de lançar os meus versos ao lume,
e a chama há-de subir…
– os que tiverem fome hão-de lançar os meus versos à terra,
como se fossem estrume,
e a terra há-de florir…
Os meus poemas de tragédia são degraus
da hora que vem,
– cresce e vem,
– cresce e vem… –
Nos meus poemas cresceu, e sofreu, e aprendeu
nos meus poemas revoltos,
por isso vem de longe, nua, nua,
e traz os cabelos soltos…
Hora que vens de longe,
de longe vens, de rua em rua:
– hás-de passar e hás-de parar por toda a parte,
nua, formosamente, nua,
– para que já não possam desnudar-te
Sidónio Muralha (n. Lisboa a 28 de julho de 1920 - m. Curitiba, Paraná, Brasil a 8 de dezembro de 1982)
Ler do mesmo autor, neste blog:
Soneto Imperfeito da Caminhada Perfeita
Os olhos das crianças
Romance
Soneto da Infância Breve
Dois Poemas da Praia da Areia Branca
Poemas de Sidónio Muralha
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