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2011-09-11

Consulta - Antero de Quental, na passagem dos 120 anos sobre o seu desaparecimento

A Alberto Sampaio

Chamei em volta do meu frio leito
As memórias melhores de outra idade,
Formas vagas, que às noites, com piedade,
Se inclinam, a espreitar, sobre o meu peito...

E disse-lhes: - No mundo imenso e estreito
Valia a pena, acaso, em ansiedade
Ter nascido? Dizei-mo com verdade,
Pobres memórias que eu ao seio estreito.

Mas elas perturbaram-se - coitadas!
E empalideceram, contristadas,
Ainda a mais feliz, a mais serena...

E cada uma delas, lentamente,
Com um sorriso mórbido, pungente,
Me respondeu: — Não, não valia a pena!

(Sonetos, 1881)

in Poemas Portugueses Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI, Porto Editora

Antero Tarquínio de Quental (n. em Ponta Delgada, 18 de Abril de 1842 - m. 11 de Setembro de 1891)

Ler do mesmo autor, neste blog:

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