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2010-04-18

Ideal - Antero de Quental

Aquela, que eu adoro, não é feita
De lírios nem de rosas purpurinas,
Não tem as formas lânguidas, divinas
Da antiga Vênus de cintura estreita...

Não é a Circe, cuja mão suspeita
Compõe filtros mortas entre ruínas,
Nem a Amazona, que se agarra às crinas
Dum corcel e combate satisfeita...

A mim mesmo pergunto, e não atino
Com o nome que se dê a essa visão,
Que ora amostra ora esconde o meu destino...

E como uma miragem que entrevejo,
Ideal, que nasceu na solidão,
Nuvem, sonho impalpável do Desejo...

Poema extraído de "366 poemas que falam de amor, uma antologia organizada por Vasco da Graça Moura, Quetzal Editores"

Antero Tarquínio de Quental (n. em Ponta Delgada, 18 de Abril de 1842 - m. 11 de Setembro de 1891)

Ler do mesmo autor, neste blog:


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