Blog Widget by LinkWithin

2011-03-05

Solidão - Pedro Homem de Mello

Ó solidão! À noite, quando, estranho,
Vagueio sem destino, pelas ruas,
O mar todo é de pedra... E continuas.
Todo o vento é poeira... E continuas.
A Lua, fria, pesa... E continuas.
Uma hora passa e outra... E continuas.
Nas minhas mãos vazias continuas,
No meu sexo indomável continuas,
Na minha branca insónia continuas,
Paro como quem foge. E continuas.
Chamo por toda a gente. E continuas.
Ninguém me ouve. Ninguém! E continuas.
Invento um verso... E rasgo-o. E continuas.
Eterna, continuas...
Mas sei por fim que sou do teu tamanho!

in "O Rapaz da Camisola Verde"

Pedro da Cunha Pimentel Homem de Mello (n. Porto em 6 de Setembro de 1904 - m. Porto, 5 de Março de 1984).

Ler do mesmo autor, neste blog:
Oásis
Véspera
Berço
Obrigado
O Bailador de Fandango
Uma Ânsia de Nudez
Povo que lavas no rio
Fado
Não choreis os mortos
Revelação


1 comments:








Maria

disse...

Excelente poesia publicas aqui!
Obrigada.

:)