Oásis - Pedro Homem de Mello
Aquela praia-contraste
Entre a liberdade e a lei
(Aquela praia ignorada!)
Foste tu que ma mostraste
Ou fui eu que a inventei?
Lençol de seda ou de linho?
Lençol de linho bordado?
Deitei-me nele ao comprido...
Lençol de seda ou de linho?
Lençol de espuma comprido...
Lençol de areia queimado!
Ai! aquela praia! Aquela
Que, na minha embriaguez
Manchei sem dó! Fiquei triste
Logo da primeira vez
Em que a vi... Não o sentiste?
Agora, lembro-me dela
Como de um lençol de renda
Rasgado por minha mão...
E fico triste, tão triste!
Todas as praias são brancas
E só aquela é que não!
Moinhos que andais no vento,
Leite que escorres na Lua,
Quero pedir-vos perdão!
Mas é tão grande, tão grande
Ai! é tão grande o contraste
Entre a liberdade e a Lei
Que, às vezes até nem sei
Se aquela praia ignorada
Foste tu que me mostraste
Ou fui eu que a inventei...
in 366 poemas que falam de amor, uma antologia organizada por Vasco da Graça Moura, Quetzal Editores
Pedro da Cunha Pimentel Homem de Mello (n. Porto em 6 de Setembro de 1904 - m. Porto, 5 de Março de 1984).
Ler do mesmo autor, neste blog:
Véspera
Berço
Obrigado
Uma Ânsia de Nudez
Povo que lavas no rio
Fado
Não choreis os mortos
Revelação
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