MONJA - Cruz e Souza
Ó Lua, Lua triste, amargurada,
Fantasma de brancuras vaporosas,
A tua nívea luz ciliciada
Faz murchecer e congelar as rosas.
Nas flóridas searas ondulosas,
Cuja folhagem brilha fosforeada,
Passam sombras angélicas, nivosas,
Lua, Monja da cela constelada.
Filtros dormentes dão aos lagos quietos,
Ao mar, ao campo, os sonhos mais secretos,
Que vão pelo ar, noctâmbulos, pairando...
Então, ó Monja branca dos espaços,
Parece que abres para mim os braços,
Fria, de joelhos, trêmula, rezando...
João da Cruz e Sousa (n. em Nossa Senhora do Desterro, actual Florianópolis, Santa Catarina em 24 de novembro de 1861 — m. Estação do Sítio, Minas Gerais a 19 de março de 1898).
Ler do mesmo autor:
Ironia de Lágrimas
Inefável
Vida Obscura
Silêncios
Sorriso Interior
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