LUA - Amadeu Amaral
É nestas horas em que sofro e tento
vencer o tédio, víbora refece,
que o teu vulto à lembrança me aparece
num mais doce e maior deslumbramento.
Vem como a clara lua que esplandece,
inesperada, por um céu nevoento;
minha alma se ergue, então, no alheiamento
de uma dorida fervorosa prece.
Ó clara, ó alta, ó refulgente lua,
se te elevas meu ser também se eleva,
e onde vais flutuando ele flutua...
Rompe das nuvens o pesado véu!
És a única luz por esta treva
e o derradeiro encanto deste céu.
Amadeu Amaral (n. em Capivari, São Paulo, a 6 Nov. 1875; m. cidade de São Paulo a 24 Out. 1929)
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