Soneto de Despedida - Francisco Bingre
A meus netos, filhos de minha filha Raimunda
Filhos de minha filha, amados Netos,
Duas vezes meus filhos tão queridos:
Recebei os meus últimos gemidos,
Recolhei meus recônditos afectos!...
Vós sois os meus amados mais dilectos,
Em que sempre empreguei os meus sentidos;
Queira o Céu que sejais dos escolhidos
Que Deus escritos tem nos seus decretos.
Vai o foro pagar à Natureza
O vosso velho avô que assaz vos ama!...
Envolvido nas mantas da pobreza.
Abrasado de amor na viva chama,
Nada tem que deixar-vos, de riqueza,
Mais que o triste pregão da sua fama.
Soneto n.º 2082 – pag. 469 do 6.º volume das Obras Completas
Extraído daqui
Francisco Joaquim Bingre nasceu em S. Tomé de Canelas, Estarreja no dia 9 de julho de 1763 e morreu em Mira a 26 de março de 1856).
Ler do mesmo autor, neste blog:
Paciência, um Sofrimento Voluntário
Retrospectiva
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