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2011-07-28

OS OLHOS DAS CRIANÇAS - Sidónio Muralha


Parar. Parar não paro.
Esquecer. Esquecer não esqueço.
Se carácter custa caro
pago o preço


Atrás dos muros altos com garrafas partidas
bem atrás das grades de silêncio imposto
as ciranças de olhos de espanto e de mêdo transidas
as crianças vendidas alugadas perseguidas
olham os poetas com lágrimas no rosto.

Olham os poetas as crianças das vielas
mas não pedem cançonetas mas não pedem baladas
o que elas pedem é que gritemos por elas
as crianças sem livros sem ternura sem janelas
as crianças dos versos que são como pedradas.


Sidónio Muralha (n. Lisboa a 28 Jul 1920 - m. Curitiba, Paraná, Brasil a 8 de Dez 1982)

Ler do mesmo autor, neste blog:
Romance
Soneto da Infância Breve
Dois Poemas da Praia da Areia Branca
Poemas de Sidónio Muralha


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