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2011-07-11

No baile - Afonso Celso

Ontem ao contemplá-la decotada,
Ao primor do seu colo descoberto,
Senti-me tonto, da vertigem perto,
Fremente o pulso, a vista deslumbrada.

E, como em láctea fonte perfumada,
Sorvi-lhe sonhos mil no seio aberto,
Com a sede de um filho do deserto
Que encontre enfim a linfa suspirada.

Giram em derredor das níveas flores,
Sofregamente, insetos zumbidores ...
- Meus desejos então foram assim...

Mas arredei os olhos, de repente,
Pois meu olhar podia, de tão quente,
Crestar-lhe a fina cútis de cetim!

Afonso Celso de Assis Figueiredo Jr. (n. em Ouro Preto, Minas Gerais, a 31 Mar 1860, m. Rio de Janeiro a 11 Jul 1938)

Ler do mesmo autor, neste blog:
Anjo Enfermo
Rosa
Porto celeste
A Confiança


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