Na passagem do 60º. aniversário da sua morte relembramos António Francisco da Costa e Silva, autor da letra do Hino do Piauí e poeta simbolista. Começou a compor versos por volta de 1896, para procissões em Amarante (ainda cantados, com modificações, nas festas religiosas do Piauí). Em 1901 foram publicados seus primeiros poemas na Revista do Grêmio Literário Amarantino. O seu primeiro livro de poesia, Sangue, lançado em 1909, foi marcada por um grande sucesso, sendo a primeira obra da última geração simbolista. Nas décadas seguintes exerceu vários cargos como funcionário do Tesouro Nacional e colaborou nos periódicos Diário de Minas, Estado do Amazonas, Ilustração Brasileira e O Malho. Em 1927 ocorreu a publicação do livro Verônica, escrito sob o impacto da perda de sua mulher, Alice, em 1919. Em 1931 foi afastado do Tesouro Nacional; dois anos depois, foi indicado como candidato à Assembléia Nacional Constituinte pelo Partido Republicano Liberal do Piauí, mas não disputou eleições. Entre 1931 e 1945 esteve à disposição da Presidência da República, a pedido de Getúlio Vargas. "Zodíaco" a sua segunda obra poética, demonstrava, entretanto, uma nova tendência para o parnasianismo. Pandora (1919), Antologia (1934) e os póstumos Poesias Completas (1950) e Saudades (1956) completam a sua obra poética. Poeta da
Saudade, segundo Alberto da Costa e Silva, seus poemas apresentam "fluente e rica musicalidade de uma linguagem em que existe exata correspondência entre som e sentido e em que cada palavra possui um preciso valor no cantar do verso.
(Fonte)"O que perturba e intimida
O meu espírito forte
Não é a certeza da morte,
Mas a incerteza da vida"
VELUT UMBRA
Vivo sempre a seguir-te em toda a parte
A todo o tempo, a todo o transe e em tudo;
E tanto mais me esforço em procurar-te
Mais de te conseguir me desiludo.
Busca-te o meu ideal num sonho de arte;
E sem te ouvir, nem te falar, contudo
Eu não me canso em vão de desejar-te,
Cego para te ver e, ao ver-te, mudo...
Vendo-te ou não, o meu olhar divaga
Sempre a seguir-te; e as vezes que te vejo,
Como que te diluis, visão pressaga!
Quando te encontro, num fortuito ensejo,
Sinto que és uma sombra que se apaga
Ao sol crepuscular do meu desejo.
Poema extraído
daqui onde poderá conhecer mais sobre o autor e a sua obra
Antonio Francisco da Costa e Silva (nasceu na cidade de Amarante, em 23 de novembro de 1885 e faleceu em 29 de junho de 1950)
Em Nothingandall pode também ler do mesmo autor:
Madrigal de um loucoSaudade
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