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2010-06-29

O Poema da Casa Que Não Existe - Afonso Schmidt (nos 120 anos do nascimento do autor)

Onde a cidade acaba em chácaras quietas
e a campina se alarga em sulcados caminhos
achei a solidão amiga dos poetas
numa casa que é ninho, entre todos os ninhos.

Térrea, branquinha, com portadas muito largas,
desse azul português das antiquadas vilas
e uma decoração de laranjas amargas
que perfumam da tarde as aragens tranqüilas.

Ergue-se no pendor suave da colina,
escondida por trás dos eucaliptos calmos;
tem jardim, tem pomar, tem horta pequenina,
solar de Liliput que a gente mede aos palmos ...

Neste ponto, a ilusão, a miragem, se some;
olho para você, eu triste, você triste.
Enganei uma boba! O bairro não tem nome,
a estrada não tem sombra, a casa não existe!

Afonso Schmidt nasceu em Cubatão, Estado de São Paulo, a 29 de junho de 1890, m. em São Paulo aos três de abril de 1964)
Ler do mesmo autor, neste blog:
Cubatão
Chromo


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