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2007-06-29

Saudade - Da Costa e Silva

foto: Caboré (Glaucidium brasilianum)
extraída daqui

Saudade! Olhar de minha mãe rezando
e o pranto lento deslizando em fio...
Saudade! Amor da minha terra... O rio
cantigas de águas claras soluçando.

Noites de Junho... O caboré com frio,
ao luar, sobre o arvoredo, piando, piando...
E, ao vento, as folhas lívidas cantando
A saudade imortal de um sol de estio.

Saudade! Asa de dor do Pensamento!
Gemidos vãos de canaviais ao vento...
As mortalhas da névoa sobre a serra...

Saudade! O Parnaíba - velho monge
as barbas brancas alongando... E ao longe,
o mugido dos bois da minha terra...

in A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa, Unicepe

António Francisco da Costa e Silva (n. em Amarante, no Piauí, em 29 de Nov de 1885; m. no Rio de Janeiro a 29 Jun 1950.


2 comments:








Anónimo

disse...

Essa poesia, de Da Costa e Silva, foi reproduzida com incorreções. Ei-la correta, segundo o livro "Da Costa e Silva - Poesias Completas -1885/1985 - Centenário - 3a. edição, revista e anotada por Alberto da Costa e Silva, editora Nova Fronteira :

Saudade

Saudade! Olhar de minha mãe rezando,
E o pranto lento deslizando em fio...
Saudade! Amor da minha terra...O rio
Cantigas de águas claras soluçando.

Noites de junho...O caburé com frio,
Ao luar, sobre o arvoredo, piando, piando...
E, ao vento, as folhas lívidas cantando
A saudade imortal de um sol de estio.

Saudade! Asa de dor do Pensamento!
Gemidos vãos de canaviais ao vento...
As mortalhas de névoa sobre a serra...

Saudade! O Parnaíba -- velho monge
As barbas brancas alongando...E ao longe,
O mugido dos bois da minha terra...





Nothingandall

disse...

Como não deixou contacto não poso agradecer directamente mas fica aqui mesmo o meu obrigado! Corrigi o sexto verso que de facto estava transcrito incorrectamente por mim. Já as outras pequenas diferenças (caboré / caburé; Junho /junho ou a questão de começar todos os versos com maiúsculas ou não) têm a ver com as diferenças de Português escrito nos nossos países, que nem sequer o novo acordo ortográfico (muito polémico, aliás, resolveu definitivamente) e no último caso com opções de estilo.