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2009-04-19

Antologia - Manuel Bandeira

A vida
Não vale a pena e a dor de ser vivida
Os corpos se entendem mas as almas não.
A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

Vou-me embora p'ra Pasárgada!
Aqui eu não sou feliz.
Quero esquecer tudo:
- A dor de ser homem…
Este anseio infinito e vão
De possuir o que me possui.

Quero descansar
Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei…
Na vida inteira que podia ter sido e que não foi.

Quero descansar.
Morrer
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
(Todas as manhãs o aeroporto em frente me dá lições de partir.)

Quando a Indesejada das gentes chegar
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.

Extraído de Poesia Brasileira do Século XX Dos Modernistas à Actualidade, Direcção, Introdução e Notas de Jorge Henrique Bastos, Edições Antígona

Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (n. Recife, 19 Abril 1886 — m. Rio de Janeiro, 13 de Out. de 1968).

Ler do mesmo autor, neste blog: Hiato ; Desencanto e A Onda


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