Dário de Um Sonho (IV) - Hermes Fontes
Teia (foto daqui)
É de outro artista — não me lembra o nome —que o Poeta, no seu sonho de arte, é alguém
à parte... É como a aranha, que consome
todo o tempo, na rede a que se atém.
E, alheio ao próprio tempo, que carcome
o brilho às cousas, séculos além,
eu ia — aranha — superior à fome
e à sede, e, aranha, me sentia bem...
Na solidão, como num canto escuro,
tecia a teia rósea do Futuro,
quando me entraste, a rir, tonta de sol...
E, de então, sem te ver (e ver-te é raro!),
não sei tecer... só sei tecer no claro,
não sei tecer sem ti meu aranhol...
Hermes Floro Bartolomeu Martins de Araújo Fontes (n. em Boquim, Sergipe, a 28 de Ago 1888; m. no Rio de Janeiro (suicidio) a 25 Dez 1930).
Ler do mesmo autor: Mãe; Solenemente
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