Soneto do Olhar - Guerra-Duval
(Para os teus olhos, para os teus olhares
o Soneto bordado de saudade
e a lisonja das silabas de seda.)
Pelo céu, pela noite, pelos mares,
Via-láctea de amor e claridade —
o teu olhar é plácida alameda,
onde a minh'alma, anêmica e doente,
anda bebendo o ar da vida nova,
nesse quebranto do convalescente
que fugiu ao mistério duma cova.
(Já estive à morte, sendo assim tão moço...)
— Tarde de calma e de melancolia
é o teu olhar; e, quando me olhas, ouço
tocar dentro de mim Ave-Maria.
Adalberto Guerra-Duval nasceu em Porto Alegre, em 31 de maio de 1872; m. em Petrópolis, a 15 de janeiro de 1947).
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