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2015-07-08

O QUE EU VI (Soneto I de Deus e a Alma) - Manuel de Arriaga

Saí um dia a contemplar o mundo,
Por ver quanto há de belo e quanto brilha
Na múltipla e gloriosa maravilha,
Que anda suspensa em o azul profundo!

Vi montes, vales, árvores e flores,
Límpidas águas, múrmuras torrentes,
Do grande mar as músicas plangentes,
Dos céus sem fim os trémulos fulgores!

Trouxe os olhos tão ricos de beleza,
O coração tão cheio de harmonia,
De quanto havia em terra, mar e céus,

Que interpretando a sós a Natureza:
Dentro de mim esplêndido fulgia,
N'um círculo de luz, teu nome, oh Deus!


in Cantos Sagrados, Manoel D'Arriaga, Lisboa, Manoel Gomes Editor, 1899
(ortografia atualizada)

Manuel José de Arriaga Brum da Silveira e Peyrelongue (Horta, Matriz, 8 de julho de 1840 — Lisboa, 5 de março de 1917


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