Fundo do Mar, na evocação dos 10 anos da partida - deixando de ver o mar - de Sophia de Mello Breyner Andresen
Fundo do mar
No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.
Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.
Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.
Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Obra Poética I
Caminho
Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu no Porto a 6 de novembro de 1919; m. Lisboa, 2 de julho de 2004.
Ler da mesma autora, neste blog:
Tarde
As Rosas
Ausência
Pátria
Partida
Espera
Soneto
A Forma Justa
Apolo Musageta
Eis-me
Mar Sonoro
Porque
Promessa
Liberdade
Pudesse eu
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