A forma justa - Sophia de Mello Breyner Andresen
Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu, o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos – se ninguém atraiçoasse – proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino
- Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo
Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo
in Cem Poemas Portugueses no Feminino, selecção,organização e introdução de José Fanha e José Jorge Letria, Terramar
Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu no Porto a 6 de Novembro de 1919; m. Lisboa, 2 de Jul 2004. Recebeu entre outros o Prémio Camões 1999, o Prémio de Poesia Max Jakob 2001 e o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana 2003.
Ler da mesma autora, neste blog:
Apolo Musageta
Eis-me
Mar Sonoro
Porque
Promessa
Liberdade
Soneto
Pudesse eu
1 comments:
Lúcia Laborda
disse...
Querido amigo; sem sombra de dúvidas, poderiamos ter um mundo assim. Mas as pessoas precisariam ser educadas e os governantes se interessassem por isso. Mas eu também mantenho a esperança e guardo sempre uma página em branco, para que possa reescrever essa história.
Bom fim de semana! Beijos
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