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2014-05-10

Venho de dentro, abriu-se a porta... - Luiza Neto Jorge

Venho de dentro, abriu-se a porta:
nem todas as horas do dia e da noite
me darão para olhar de nascente
a poente e pelo meio as ilhas.

Há um jogo de relâmpagos sobre o mundo
de só imaginá-la a luz fulmina-me,
na outra face ainda é sombra

Banhos de sol
nas primeiras areias da manhã
Mansidões na pele e do labirinto só
a convulsa circunvolução do corpo.

in A Lume Poesia
organização e prefácio de Fernando Cabral Martins, Assírio & Alvim, 2ª edição, 2001

Maria Luiza Neto Jorge (n. em Lisboa a 10 Mai 1939; m. em Lisboa a 23 Fev 1989)

Ler da mesma autora, neste blog:
Poemas para a noite invariável - IV
Anos Quarenta, os Meus
Nas Cidades do Sul
Baixo-Relevo
Desinferno II
Minibiografia
As casas vieram de noite
O poema ensina a cair
A Magnólia
Ritual
Acordar na Rua do Mundo


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