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2014-05-12

AS MÃOS - Manuel Alegre


Com mãos se faz a paz se faz a guerra
Com mãos tudo se faz e se desfaz
Com mãos se faz o poema ─ e são de terra.
Com mãos se faz a guerra ─ e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedra estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

in Manuel Alegre, 30 Anos de Poesia, Círculo de Leitores

Manuel Alegre de Melo Duarte nasceu a 12 de Maio de 1936 em Águeda.

Ler do mesmo autor, neste blog:
Grega
E alegre se fez triste
Coisa Amar
Uma Flor de Verde Pinho
Trova do Vento que Passa
As facas
Coração Polar
Trova do Amor Lusíada


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