O HIPOGRIFO - Severiano de Rezende
Resfolega o hipogrifo, indômito, batendo 
no asfalto as patas de ouro; e os olhos de águia adusta, 
sobre as nuvens e além dos sóis ovante erguendo,
já no azul a cabeça em fogo barafusta.   
O éter transpõe, afIando as asas, belo e horrendo, 
e haurindo a Vida e a Graça e a Idéia eterna e augusta, 
ó como eu nesse arroubo insofrido compreendo 
que ao estranho hipogrifo o gesto astral não custa.   
No solo os áureos pés, no empíreo em glória a fronte, 
terras, mares e céus, de horizonte a horizonte, 
mede, calcando o pó, e os pátamos transcende.   
Brotam fráguas de luz na poeira dos seus rastros 
e nas landas glaciais e tristes, ermas de astros,
novas constelações o seu hálito acende.
José Severiano de Rezende nasceu em Mariana, Minas Gerais, a 23 de janeiro de 1871 e faleceu em Paris no dia 14 de novembro de 1931
















0 comments:
Enviar um comentário