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2013-12-31

Nos 90 anos do desaparecimento de Roberto de Mesquita

Minha alma, donde nasce a mágoa que te invade?`
Que éden sentes perdido?
Oh! esta cheia poderosa de saudade
Sem alvo definido


ÀS GRADES DA PRISÃO

Às grades da prisão, olhos extasiados
Vêem descer o Sol sobre o mar de metal.
Na tarde de âmbar há murmúrios espalhados
Como preces da Terra à estrela vesperal...

No horizonte rutilante, a toda a vela
Passa um navio; é todo de oiro e de rubis...
Onde vais, onde vais, brilhante caravela
Do rei poeta dum quimérico país?

É triste o alcácer, com salões frios e anosos,
Como as igrejas cheios de ecos cavernosos,
Com grossas portas de mosteiro medieval.

Mas desse interior taciturno, afastado,
Duma estreita janela, olhos extasiados
Vêem descer o sol sobre o mar de metal..

Roberto Augusto de Mesquita Henriques (n. Santa Cruz das Flores, 19 de Junho de 1871 — m. Santa Cruz das Flores, 31 de Dezembro de 1923)

Ler do mesmo autor neste blog:
Spleen
Aves do Mar
Abandonadas
Universalidade II


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