Universalidade II - Roberto de Mesquita
Enquanto se detém o vosso olhar
à tona dos aspectos, impotente,
no âmago de tudo, claramente,
eu descubro um espirito a cismar.
Deleita-se a minha alma a respirar
os afectos das coisas: a dolente
nostalgia dum cerro olhando o mar,
a oração das paisagens ao morrente
Sim, eu respiro como essência estranha
a orfandade que exala uma montanha
quando o outono a junca de destroços.
E esses casais, dispersos pelo monte,
sinto-os pensar, cravando no horizonte
os seus olhos humanos como os nossos.
Roberto Augusto de Mesquita Henriques (nasceu em Santa Cruz das Flores, Açores a 19 de Junho de 1871 e aí faleceu, de síncope cardíaca, a 31 de Dezembro de 1923).
Ler do mesmo autor neste blog Aves do Mar; Abandonadas
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