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2013-09-23

Tu Risa / Teu Riso / Your Laughter - Pablo Neruda

Rosa azul

Tu Risa

Quítame el pan, si quieres,
quítame el aire, pero
no me quites tu risa

No me quites la rosa,
la lanza que desgranas,
el agua que de pronto
estalla en tu alegría,
la repentina ola
de plata que te nace.

Mi lucha es dura y vuelvo
con los ojos cansados
a veces de haber visto
la tierra que no cambia,
pero al entrar tu risa
sube al cielo buscándome
y abre para mí todas
las puertas de la vida.

Amor mío, en la hora
más oscura desgrana
tu risa, y si de pronto
ves que mi sangre manch
las piedras de la calle,
ríe, porque tu risa
será para mis manos
como una espada fresca.

Junto al mar en otoño,
tu risa debe alzar
su cascada de espuma,
y en primavera, amor,
quiero tu risa como
la flor que yo esperaba,
la flor azul, la rosa
de mi patria sonora.

Ríete de la noche,
del día, de la luna,
ríete de las calles
torcidas de la isla,
ríete de este torpe
muchacho que te quiere,
pero cuando you abro
los ojos y los cierro,
cuando mis pasos van,
cuando vuelven mis pasos,
niégame el pan, el aire,
la luz, la primavera,
pero tu risa nunca
porpue me moriría.

Em português:

O Teu Riso

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

In English

Your laugher

Take my breath away, if you wish,
Take the air away, but
Do not take your laughter away from me.

Do not take the rose away,
The lanceflower that you pluck,
The water that suddenly
Bursts forth in your joy,
The sudden wave
Of silver born in you.

My struggle is harsh and I come back
With tired eyes
At times from having seen
The unchanging earth,
But when your laughter enters
It rises to the sky seeking me
And it opens for me all
The doors of life.

My love, in the darkest
Hour your laughter
Opens, and if suddenly
You see my blood staining
The stones of the street
Laugh, because your laughter
Will be for my hands
Like a fresh sword.

Next to the sea in autumn,
Your laughter must raise
Its foamy cascade,
And in spring, love,
I want your laughter like
The flower I was waiting for,
The blue flower, the rose
Of my echoing country.

Laugh in the night,
In the day, on the moon,
Laugh at the twisted
Streets of the island,
Laugh at this clumsy
Boy who loves you,
But when I open
My eyes and close them,
When my steps go,
When my steps return,
Deny me bread, air,
Light, spring,
But never your laughter
For which I would die.


 Pablo Neruda [Ricardo Eliecer Neftalí Reyes Basoalto] (n. 12 Jul 1904, Parral, Chile; m. 23 Set 1973 em Santiago, Chile).

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