Para meu coração basta teu peito - Pablo Neruda (que desapareceu faz hoje 35 anos)
Para meu coração basta teu peito,
para tua liberdade as minhas asas.
Da minha boca chegará até ao céu
o que dormia sobre a sua alma.
És em ti a ilusão de cada dia.
Como o orvalho tu chegas às corolas.
Minas o horizonte com a tua ausência.
Eternamente em fuga como a onda.
Eu disse que no vento ias cantando
como os pinheiros e como os mastros.
Como eles tu és alta e taciturna.
E ficas logo triste, como uma viagem.
Acolhedora como um velho caminho.
Povoam-te ecos e vozes nostálgicas.
Eu acordei e às vezes emigram e fogem
pássaros que dormiam na tua alma.
in Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada,
Tradução de Fernando Assis Pacheco, Edições Dom Quixote
Pablo Neruda [Ricardo Eliecer Neftalí Reyes Basoalto] (n. 12 Jul 1904, Parral, Chile; m. 23 Set 1973 em Santiago, Chile)
Ler este poema na versão original: Para mi corazón basta tu pecho
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