Malmequer - Augusto Emílio Zaluar
Malmequeres? - Bem me queres?
Que respondes, meiga flor?
Diz-me tu, sibila de alma,
A sina do meu amor!
Quero ler o meu fadário
Nesta flor inocentinha
Não me enganes - Não me iludas,
Malmequer, esperança minha!
Na primeira tua folha,
Não sou eu afortunado!..
Bem me quer, diz a segunda;
Folga peito, que és amado!
A terceira, diz o muito!
Umas e uma vou contando;
Esta alegre me sorrindo
Aquela triste esfolhando!
Ai! Assim és vida minha!
Já desprezos, já carinhos;
Hoje grinalda de rosas
Amanhã coroa de espinhos!
E contei-as, contei todas,
Acabou dizendo, nada
Cada folha era uma esperança!
Triste vida, malfadada!
Procurei ler a minha sina
Nos aracanos desta flor
Encontrei o desengano
Onde queria achar amor!
in Dores e Flores, Poesias
Rio de Janeiro, Tipografia de F. Paula Brito, 1851
(com adaptação, atualizando a grafia)
Augusto Emílio Zaluar nasceu em Lisboa a 14 de fevereiro de 1826 e faleceu no Rio de Janeiro em 3 de abril de 1882
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