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2013-03-09

Natal - Álvaro Feijó, dito por Mário Viegas



Álvaro de Castro e Sousa Correia Feijó nascido a 5 de Julho de 1916, em Viana do Castelo, morreu, a 9 de Março de 1941

Nasceu.
Foi numa cama de folhelho
entre lençóis de estopa suja
num pardieiro velho.
Trinta horas depois a mãe pegou na enxada
e foi roçar nas bordas dos caminhos
manadas de ervas
para a ovelha triste.
E a criança ficou no pardieiro
só com o fumo negro das paredes
e o crepitar do fogo,
enroscada num cesto vindimeiro,
que não havia berço
naquela casa.
E ninguém conta a história do menino
que não teve
nem magos a adorá-lo,
nem vacas a aquecê-lo,
mas que há-de ter
muitos Reis da Judeia a persegui-lo;
que não terá coroas de espinhos
mas coroas de baionetas
postas até ao fundo
do seu corpo.
Ninguém há-de contar a história do menino.
Ninguém lhe vai chamar o Salvador do Mundo.

Ler do mesmo autor:
Os Dois Sonetos de Amor da Hora Triste
A Nau Perdida
Senhor! De que Valeu o Sacrifício?
Se os Homens Quisessem


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