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2012-11-07

Canção - Cecília Meireles

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio…

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

Cecília Benevides de Carvalho Meireles (Rio de Janeiro, 7 de novembro de 1901 — Rio de Janeiro, 9 de novembro de 1964)

Ler neste blog da mesma autoria:
Se eu fosse apenas uma rosa
Traça a Reta e a Curva
A Chuva Chove
Motivo
Ou isto ou aquilo;
De um lado cantava o Sol;
Despedida;
Mulher ao espelho;
Balada das Dez Bailarinas do Cassino
Ler ainda um post a propósito: Dos 41 anos da morte de Cecília Meireles em 9-11-2005


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