A Chuva Chove - Cecília Meireles
Pela passagem do 43º. aniversário da morte da poetisa brasileira
Chuva daqui
A chuva chove mansamente... como um sono
que tranquilize, pacifique, resserene...
A chuva chove mansamente... Que abandono!
A chuva é a música de um poema de Verlaine...
E vem-me o sonho de uma véspera solene,
em certo paço, já sem data e já sem dono...
Véspera triste como a noite, que envenene
a alma, evocando coisas líricas de outono...
... Num velho paço, muito longe, em terra estranha,
Com muita névoa pelos ombros da montanha...
Paço de imensos corredores espectrais,
onde murmurem, velhos órgãos, árias mortas,
enquanto o vento, estrepitando pelas portas,
revira in-fólios, cancioneiros e missais...
(in A Circulatura do Quadrado, Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa - Edições Unicepe, 2004)
Cecília Benevides de Carvalho Meireles (n. no Rio de Janeiro a 7 de Nov de 1901 — m. no Rio de Janeiro, a 9 de Nov de 1964).
Ler neste blog da mesma autora:
Ou isto ou aquilo;
De um lado cantava o Sol;
Despedida;
Mulher ao espelho;
Ler ainda um post a propósito: Dos 41 anos da morte de Cecília Meireles em 9-11-2005
0 comments:
Enviar um comentário