Soneto: Dou-te esperanças que não tenho... - Clodoaldo Freitas
Nota do webmaster:
Soneto inspirado pela situação de doença do filho Lucídio de Freitas
(1894-1921), padecendo de tuberculose no que seria o leito da morte.
Dou-te esperanças que não tenho, e ponho
Nessa doce ilusão minha ventura...
Mártir do amor de pai, quanta amargura
Me punge ao despertar de cada sonho!
Eu nunca me postei ante os altares
Nem jamais invoquei de Deus o nome;
Vendo entretanto o mal que te consome,
Ergo, contrito, ao céu tristes olhares!
Bem sei que as leis fatais da natureza
Não se amolgam jamais ao nosso pranto,
Não têm jamais da nossa dor piedade!
Na agonia mortal dessa certeza,
Contemplo a definhar, cheio de espanto,
Gênio, glória, beleza e mocidade!
Nessa doce ilusão minha ventura...
Mártir do amor de pai, quanta amargura
Me punge ao despertar de cada sonho!
Eu nunca me postei ante os altares
Nem jamais invoquei de Deus o nome;
Vendo entretanto o mal que te consome,
Ergo, contrito, ao céu tristes olhares!
Bem sei que as leis fatais da natureza
Não se amolgam jamais ao nosso pranto,
Não têm jamais da nossa dor piedade!
Na agonia mortal dessa certeza,
Contemplo a definhar, cheio de espanto,
Gênio, glória, beleza e mocidade!
Clodoaldo Severo Conrado Freitas nasceu em 7 de Setembro de 1855, em Oeiras, Piauí – m. em Teresina, Piauí, a 29 de junho 1924)
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