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2012-03-20

No 90º aniversário do nascimento de Reinaldo Fereira

Eu, Rosie, eu se falasse eu dir-te-ia
Que partout, everywhere, em toda a parte,
A vida égale, idêntica, the same,
É sempre um esforço inútil,
Um voo cego a nada.
Mas dancemos; dancemos
Já que temos
A valsa começada
E o Nada
Deve acabar-se também,
Como todas as coisas.
Tu pensas
Nas vantagens imensas
De um par
Que paga sem falar;
Eu, nauseado e grogue,
Eu penso, vê lá bem,
Em Arles e na orelha de Van Gogh...
E assim entre o que eu penso e o que tu sentes
A ponte que nos une - é estar ausentes.

Extraído de Poemas Portugueses Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI, Porto Editora

Reinaldo Edgar de Azevedo e Silva Ferreira (n. em Barcelona, a 20 de Março de 1922; m. em Moçambique a 30 de Junho de 1959).

Nota do webmaster: Espetacular! «A vida égale, idêntica, the same / É sempre um esforço inútil... Mas dancemos, dancemos»; ainda por cima eu nem sei dançar, nem nadar... sei lá o tanto que não sei... sei, há muito tempo que sei que «entre o que eu penso e o que tu sentes/ A ponte que nos une - é estar ausentes»

Ler do mesmo autor, neste blog:
Quem dorme à noite comigo
Meu Quase Sexto Sentido
Uma Casa Portuguesa
Passemos Tu e Eu Devagarinho


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