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2012-03-02

Infante - Luís de Montalvor

Baby! Sossega a tua voz. Não digas mais
Essas canções do Mundo. Deixa que eu esqueço
Que fui menino ao colo de seus pais.
Deixa! Que o coração em si mesmo o adormeço...

Com olhos de criança olho os desiguais
Dias e nuvens, sós, passando, e empalideço...
Canto de Prometeu todo desfeito em ais!
E a vida, a vida até, brinquedo que aborreço...

Mundo dos meus enganos como a desventura!
Experiência, - pobre fumo! Anela o meu cabelo
E põe-me o bibe azul e antigo da Ternura...

Que a vida, essa Babel desfeita que se embala,
ainda é para mim - criança de Deus, pesadelo
Da infância das fanfarras, fogo de Bengala!

in Antologia de Poemas Portugueses Modernos por Fernando Pessoa e António Botto, Ática Poesia

Luís da Silva Ramos, que usou o pseudónimo de Luís de Montalvor, nasceu em S. Vicente, Cabo Verde, a 31 de Janeiro de 1891 e faleceu em Lisboa a 2 de Março de 1947).

Ler do mesmo autor, neste blog:
Narciso
Tarde
Baker


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