Esparsa - Guilherme de Faria
Homens incertos e vários
De vontade e pensamento,
Que em desejos tumultuários
Viveis e, alfim, alcançais
Ora um mesquinho tormento,
Ora o nada que tentais!
E vós, tristes deserdados
Das graças da humana sorte,
Que vos sonhais (bem divino!)
Talvez eleitos da morte,
Filhos do céu bem amados,
De Deus, que é vosso destino;
Vós todos,irmãos, que sois
- À luz de sonhos ansiosos -
Puros, simples, venturosos,
Poetas, santos, heróis,
Sabei a essência e o fim
Dos sonhos,- ilusão pura...
Mas, com seu mal ou ventura,
Meus irmãos, vivei assim.
E sorride a toda a sorte
Que é tormento de ansiedade,
Sempre vão, sempre mesquinho;
Pois bem, nossa só a morte,
E para a sua verdade
Qualquer caminho é caminho
Guilherme de Faria nasceu em Guimarães em 6 de Outubro de 1907, e faleceu em Lisboa a 4 de Janeiro de 1929
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