Ego Dormio, Et Cor Meum Vigilat - João de Deus
I
Bebeste para esquecer
As mágoas do coração;
Mas ele é que não esquece,
Ele é que não adormece
Como adormecer a razão.
II
- Eu durmo, diz Salomão;
Mas durmo exalando ais!
Que o meu coração vigia
E sente como sentia...
Se ainda não sente mais!...
III
Não é com vinho que extrais
O veneno desse amor...
Apagas o pensamento,
E deixas o sentimento
Sem equilíbrio na dor!
IV
Tais nos fez o Criador,
Que sem a luz da razão
Bem se reclina a cabeça;
Mas embora ela adormeça,
Vela sempre o coração!
in Antologia de Poemas Portugueses Modernos por Fernmando Pessoa e António Botto, Ática Poesia
João de Deus de Nogueira Ramos, nasceu em 8 de Março de 1830 em São
Bartolomeu de Messines, Silves e faleceu em Lisboa em 11 de Janeiro de
1896.
Ler do mesmo autor no Nothingandall:
Amor
Adeus
De Dia a Estrela de Alva Empalidece
A Cigarra e a Formiga
A Vida
Agora
Miséria...
Soneto De «O Seu Nome» - João de Deus
Na Campa de Antero de Quental - João de Deus
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