Abandonadas - Roberto de Mesquita
A velha casa, onde eu morei outrora
e que há muito está desabitada,
silenciosa envolveu-me, ao ver-me agora,
num triste olhar de amante abandonada.
Com que amargor no íntimo lhe chora
uma alma sensitiva e ignorada,
que não tem voz para queixar-se, embora
se veja só, de todos olvidada!
Casa deserta e fria, que envelheces
ao desamparo sem uma afeição,
bem sinto que me vês, que me conheces
e relembras os dias que lá vão...
Eu esqueci-te, amiga, e tu pareces
toda magoada dessa ingratidão.
in A Circulatura do Quadrado, Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa, Edição Unicepe, Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, CRL , 2004
Augusto de Mesquita Henriques (n. em Santa Cruz das Flores, Açores a 19 de Jun 1871; m. em Santa Crus das Flores 31 Dez 1923)
Ler do mesmo autor neste blog:
Aves do Mar;
Universalidade II
Spleen
e que há muito está desabitada,
silenciosa envolveu-me, ao ver-me agora,
num triste olhar de amante abandonada.
Com que amargor no íntimo lhe chora
uma alma sensitiva e ignorada,
que não tem voz para queixar-se, embora
se veja só, de todos olvidada!
Casa deserta e fria, que envelheces
ao desamparo sem uma afeição,
bem sinto que me vês, que me conheces
e relembras os dias que lá vão...
Eu esqueci-te, amiga, e tu pareces
toda magoada dessa ingratidão.
in A Circulatura do Quadrado, Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa, Edição Unicepe, Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, CRL , 2004
Augusto de Mesquita Henriques (n. em Santa Cruz das Flores, Açores a 19 de Jun 1871; m. em Santa Crus das Flores 31 Dez 1923)
Ler do mesmo autor neste blog:
Aves do Mar;
Universalidade II
Spleen
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