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2010-12-19

Natal das Ilhas - Vitorino Nemésio

Camélia VermelhaCamélia

À Maria e ao Manuel Pinheirinho, primos-irmãos

Natal das Ilhas. Aonde
O prato de trigo novo,
A camélia imaculada,
o gosto no pão do povo?
Olho, já não vejo nada.
Chamo, ninguém me responde.

Natal das Ilhas. Serão
Ilhas de gente sem telha,
Jesus nascido no chão
Sobre alguma colcha velha?

Burra de cigano às palhas,
Vaca com língua de pneu,
Presépio girando em calhas
Como o eléctrico, tu e eu.

Natal das Ilhas. Já brilha
Nas ondas do mar de inverno
O menino bem lembrado,
Que trouxe da sua ilha
O gosto do peixe eterno
Em perdão do seu passado.

Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva (n. Praia da Vitória, Ilha Terceira, Açores a 19 de Dezembro de 1901 — m. em Lisboa, 20 de Fevereiro de 1978)

Poema extraído de Poemas Portugueses Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Sec. XXI; Selecção, organização, introdução e notas de Jorge Reis-Sá e Rui Lage; Prefácio de Vasco da Graça Moura.
Ler do mesmo autor:
Outro Testamento
Já um pouco de vento se demora
A Árvore do Silêncio
Outro Testamento
Semântica electrónica
Loa
Concha


3 comments:








A OUTRA

disse...

Deixei-lhe comentário no meu blogue, mas quero dizer-lhe que, depois do que por aqui estou a ver... vou viver para ...as Ilhas.
Qual delas...? Não sei.

Bom Natal e que o Ano que se aproxima nos engane e pelo contrário seja um Bom Ano.
Abraço
Maria





tulipa

disse...

LINDO POEMA
Obrigado pela partilha.

Amigo Fernando, andas desaparecido lá dos meus lados...

Ontem foi o dia do lançamento! Mais um "Livro de Fotografia".
Alguns dos fotógrafos são "novos" nesta colecção, mas a sua maioria já vem de outros volumes. Notou-se uma melhoria significativa das fotos, mas também do livro e da edição da livreira Chiado Editora. A apresentação esteve a cargo de Gonçalo Martins da Editora e do António Vieira da Silva.
Os valores de direitos de autor vão para a associação Ajuda de Berço que através da sua representante Cláudia Vieira num breve discurso agradeceu este gesto de solidariedade e retribuiu com um "livro de apenas 4 páginas feito por algumas das crianças.
Num breve discurso alguém referiu que amador é também aquele que ama e por isso faz todo o sentido misturar no livro fotógrafos ditos amadores e profissionais, pois é a sua paixão pela fotografia que nos une e nos faz sentir que de certa forma somos especiais.

É isso...sou e vou continuar a ser por toda a vida: amadora!

Um beijo e votos de um Feliz e Santo Natal.





Lúcia Laborda

disse...

É meu amigo; seu exemplo, infelizmente não ficou como lição. Hoje o natal é comércio. O amor ficou esquecido...
Belo poema!
FELIZ NATAL! Boa semana! Beijos