Soneto L Moral (Formosura, e Morte, advertidas por um corpo belíssimo, junto à sepultura) - Francisco Manuel de Melo
Armas do amor, planetas da ventura
Olhos, adonde sempre era alto dia,
Perfeição, que não cabe em fantasia,
Formosura maior que a formosura:
Cova profunda, triste, horrenda, escura,
Funesta alcova de morada fria,
Confusa solidão, só companhia,
Cujo nome melhor é Sepultura:
Quem tantas maravilhas diferentes
Pode fazer unir, senão a Morte?
A Morte foi em sem-razões mais rara.
Tu, que vives triunfante sobre as gentes.
Nota (pois te ameaça uma igual sorte)
Donde pára a beleza, e no que pára.
D. FRANCISCO MANUEL DE MELO nasceu em Lisboa a 23 de Novembro de 1608 e morreu em Alcântara, Lisboa a 13 de Outubro de 1666
Ler do mesmo autor, Junto do manso Tejo que corria
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