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2010-09-16

Desnuda e Exposta aos Vendavais Sem Pejo - Enrique de Resende


Árvore abandonada no caminho;
desnuda e exposta aos vendavais sem pejo,
não tenho sombras para o teu carinho,
não tenho frutos para o teu desejo.

Destroçou-me o infortúnio... Malfazejo
foi-me o destino, e pérfido, e mesquinho.
Guardei no seio o teu primeiro beijo:
tudo o mais se perdeu pelo caminho.

Por que buscas agora o amor desfeito?
— És sonho na minha alma, e sonho morto.
— Sou rosa em tuas mãos, e desfolhada.

Depois de tantos anos, no teu leito
tens apenas sobejos do meu corpo,
da minha alma, talvez, não tenhas nada...


Poema extraído daqui
Enrique de Resende, (Henrique Vieira de Rezende, nasceu no dia 13 de agosto de 1899, na fazenda do Rochedo, em Cataguases; morreu em 16 de setembro de 1973 no Rio de Janeiro).

Ler do mesmo autor, neste blog: Da Felicidade; Retrato de Minha Mãe


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