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2010-03-13

Aniversário - Tristão da Cunha

Interrogando a lápide que encerra
tua ligeira forma torturada
vim deter, no pendor da humana estrada,
os passos que me levam para a terra.

O véu das manhãs de ouro se descerra.
Vives de novo na na infantil jornada,
toda ternura tímida e guardada,
toda piedade activa que não erra.

Um prodígio de amor muda em conforto
o próprio mal que neste chão depus,
e ei-lo convoca os risos fugitivos.

Na eucarística paz do último horto,
o teu tormento já desfeito em luz,
tua bondade purifica os vivos.


Tristão da Cunha (n. no Rio de Janeiro em 13 de Março de 1878; m. a 29 de Junho de 1942).

TRISTÃO DA CUNHA foi o pseudónimo escolhido por José Maria Leitão da Cunha F.º, que, em 13 de Março de 1878 nasceu no Rio de Janeiro, onde morreu a 29 de Junho de 1942. Aluno da faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais, concluiu o bacharelato em 1900. Advogado, poeta e prosador (contos e ensaios), redigiu de 1910 a 1928 a secção brasileira da revista simbolista «Mercure de France». Tímido e arredio, conciliava um ideário político democrático com uma sensibilidade aristocrática, o requinte esteticista e o refinamento da linguagem com uma espontaneidade e fluência eivada de melancolia. Um título significativo: «Torre de Marfim» (1901).

Soneto e Nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria É a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004).

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