O Jardim Negro - Manuel Machado
É noite. A imensa
palavra é silêncio...
Há no arvoredo
um grande mistério...
Dormem os rumores,
a cor já morreu.
A fonte está louca,
mudo está o eco.
Recordas-te?... Em vão
quisémos sabê-lo...
Que estranho! Que escuro!
Crispa-me inda os nervos
passando nesta hora
somente a lembrança,
como se me houvesse
roçado um momento
a asa peluda
de horrível morcego!...
Vem amada! Inclina
tua fronte em meu peito;
cerremos os olhos;
não oiçamos, silêncio...
Como dois meninos de medo!
A lua aparece,
as nuvens rompendo...
A lua e a estátua
dão um grande beijo.
in Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea, selecção e Tradução de José Bento, Assírio & Alvim
Manuel Machado y Ruizn (n. Sevilha, 29 Ago 1874; m. Madrid, 19 Jan 1947).
Ler do mesmo autor no Nothingandall: O Querer; Seguiriytas Ciganas; La Toná de la Frágua (Seguiriyas Gitanas).
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