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2010-01-31

No centenário da morte de Luís Delfino - Cadáver de Virgem

A Morte da Virgem, 1606, Michelangelo Caravaggio
óleo sobre tela, 369x245 cm, Paris, Museu do Louvre

Estava num caixão como num leito,
palidamente fria e adormecida;
as mãos cruzadas sobre o casto peito
e em cada olhar sem luz um sol sem vida.

Pés atados com fita em nó perfeito,
de roupas alvas de cetim vestida;
o torso duro, rígido, direito;
a face calma, lânguida, abatida...

O diadema das virgens sobre a testa;
níveo lírio entre as mãos, toda enfeitada,
mas como noiva que cansou da festa...

Por seis cavalos brancos arrancada,
onde vais tu dormir a longa sesta,
na mole cama em que te vi deitada?

LUÍS DELFINO dos Santos nasceu em Desterro, hoje Florianópolis (SC), a 25 de Agosto de 1834 e morreu no Rio a 31 de Janeiro de 1910. Diplomado em Medicina pela faculdade do Rio, chegou a ser senador da República por Santa Catarina, em 1891. Era liberal e abolicionista. A sua obra poética vai do Romantismo ao Simbolismo, passando pelo Parnasianismo, embora, no fundo, tenha sido sempre um romântico. Desdenhoso da glória, nunca publicou qualquer livro e foi o filho quem procedeu à recolha póstuma por jornais e revistas (uma dezena de vols.). O seu soneto pode ser comparado ao equivalente do português António Feijó: «Pálida e loira...».

Soneto e Nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.



1 comments:








tulipa

disse...

Só hoje encontrei as tuas doces e simpáticas palavras no blog do meu amigo Alexandre, do Sofá Amarelo. Acabei de lá deixar este comentário:

Agradeço a todos as palavras simpáticas. Fiquei super feliz com a surpresa do meu amigo Fernando, que de virtual passou a real e manifesta aqui a sua opinião sobre a minha exposição, fico toda babada...
Sou uma pessoa simples, com alguns gostos requintados. Muito humana, frontal e defensora da verdade. Detesto hipocrisia. Teimosa para uns, persistente para outros! Inteligente para alguns. Para outros não serei uma coisa, nem outra... Amiga, Amante, Mulher.