Recordando Augusto de Lima
Antônio Augusto de Lima nasceu em 5-4-1859 em Vila Nova de Lima, então Congonhas do Sabará, Minas Gerais e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 22 de Abril de 1934. Foi poeta, parlamentar, magistrado e político. Presidente de Estado de Minas Gerais entre Março a Julho de 1891 e deputado federal de 1909 a 1929. Eleito em 1903 membro da Academia Brasileira de Letras viria a ocupar a cadeira número 12, tendo presidido a Academia em 1928. Republicano e abolicionista, foi um poeta parnasiano de teor filosófico que roçou o simbolismo como o evidencia o soneto Serenata já publicado aqui no blog.
Dele escreveu António Botto "Augusto de Lima era uma personalidade inconfundível quer no seu aspecto exterior em que predominavam as linhas rectas e os ângulos agudos quer ainda na excelência da sua estirpe literária, expressão do que possuiu de mais perfeito, de mais esculptural e de mais puro o parnasianismo brasileiro".
Ainda citando "As Contemporâneas, Os Symbolos e as Laudas inéditas bastam para afirmarmos que Augusto de Lima foi um dos maiores poetas da pleiade neo-romantica brasileira, duas vezes grande - pela dignidade do pensamento expresso em séries de conceitos rectilíneos e penetrantes, e pelo meticuloso culto da fórma que neste alto poeta se reveste de uma nitidez, de um rigor deductivo, de uma precisão verbal, de uma austera perfeição que nos fazem pensar nos mármores antigos e nos veios de agatha em que os poetas na phrase feliz de Theophile Gautier, deviam para conquistar a immortalidade deviam "saber cinzelar o perfil de Apollo"".
No dia que passa mais um aniversário da sua morte, deixamos a transcrição de mais um soneto:
Volta ao Passado
Quis rever em memória o santo abrigo
Onde deixei as ilusões dormindo.
"Vou despertá-las", murmurei, partindo,
"E hei de trazê-las outra vez comigo".
Nova e última ilusão. No sítio antigo,
Jardim outrora florescente e lindo,
Já ninguém dorme. Tudo é morto e findo.
Só de cada ilusão resta um jazigo:
Campas sem epitáfio... Agora é tudo
Um cemitério pavoroso e mudo,
Bem que inda de flores se alcatife.
E dos ciprestes na última avenida,
Vejo a última ilusão que me convida,
Martelando nas tábuas de um esquife!
Ler do mesmo poeta, neste blog: A Um Otimista; Serenata; Esperança e Saudade
photo extraída daqui
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