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2008-09-18

Berço - Bernardino Lopes

Serra da Boa Esperança imagem daqui

Recordo: um largo verde e uma igrejinha,
um sino, um rio, um pontilhão e um carro
de três juntas bovinas, que ia e vinha,
rinchando alegre, carregando barro;

havia a escola que era azul e tinha
um mestre mau, de assustador pigarro...
(Meu Deus! que é isto? Que emoção a minha,
quando estas cousas tão singelas narro?)

Seu Alexandre, um bom velhinho rico,
que hospedara a Princesa; o tico-tico,
que me acordava de manhã, e a serra...

com seu nome de amor Boa Esperança,
eis tudo quanto guardo na lembrança
da minha pobre e pequenina terra!

BERNARDINO da Costa LOPES nasceu em Boa Esperança (RJ) a 19 de Janeiro de 1859 e morreu no Rio de Janeiro a 18 de Setembro de 1916. Mestiço, humilde e pobre, assinava apenas B. Lopes. Viveu uma vida boémia e desregrada, acabando alcoólatra e epiléptico. O etilismo agravou-lhe a tuberculose e faleceu num asilo de alienados. É um poeta de transição do parnasianismo para o simbolismo. Humorista jovial, gostava de escandalizar a sociedade burguesa com as suas vestimentas exóticas. Também um estilo poético aristocrático e requintado constituiu uma função compensatória da sua marginalidade social.

Soneto e Nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.

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